domingo, 15 de setembro de 2013

Técnica de Gram - Uso e protocolo

Em geral, são necessárias colorações biológicas para a visualização de bactérias de modo adequado e demonstração dos detalhes finos das suas estruturas (KONEMAN, 2001). A maioria das colorações utilizadas em bacteriologia tem por finalidade o diagnóstico presuntivo rápido do processo infeccioso e também a prévia avaliação da qualidade da amostra (OPLUSTIL, 2000). A coloração de Gram é o método bacterioscópico mais importante e mais utilizado atualmente na bacteriologia e sua finalidade é a classificação de microrganismos com base em suas características tintoriais, tamanho, forma e arranjo celular (WALTERS, 1998; SPICER, 2000; MAZA et al.,2001).
A coloração clássica de Gram foi originalmente desenvolvida por Christian Gram em 1884, e modificada por Hucker em 1921, sendo amplamente utilizada na rotina, permitindo uma melhor diferenciação dos microrganismos  (ISENBERG, 1992).
É inestimável o auxílio efetivo da coloração de Gram no diagnóstico microbiológico, entretanto em algumas situações é contra indicada a sua utilização, como por exemplo, na pesquisa de estruturas bacterianas como cápsulas e esporos, ou na pesquisa de micobactérias e fungos filamentosos. Alguns microrganismos gram positivos em cultivos superiores a vinte e quatro horas podem se apresentar gram negativos. Microrganismos que sofreram ação de determinados antimicrobianos podem apresentar-se falsamente gram negativos; a recíproca não é verdadeira. Convém lembrar que a maioria das interpretações equívocas de esfregaços corados pelo Gram devem-se a falhas na preparação da lâmina, como um esfregaço demasiado espesso, excessiva fixação pelo calor, ou descoloração insuficiente ou prolongada (GARDNER e PROVINE, 1978).
A técnica consiste na utilização de diferentes reagentes que irão reagir com os componentes da parede celular das bactérias, dando uma coloração diferente.
Cristal violeta irá todas as esturturas. Cristal reage com o lugol, formando um complexo insolúvel que intensifica a cor do corante; que o ajuda a entrar na celular e irá resistir a descoloração. Gram positivas complexo mais difícil de ser removido. As bactérias Gram-positivas, que têm a parede celular composta por peptídeoglicano (peptídeo de ácido n-acetil murâmico), durante o processo de descoloração com álcool etílico, retém o corante, permanecendo com a coloração conferida pelo corante primário (roxo).  Já as bactérias Gram-negativas com parede celular composta predominantemente por ácidos graxos (lipopolissacarídeos e lipoproteínas), perdem o complexo, são incapazes de reter o violeta de Genciana, assumindo a cor do corante de fundo (vermelha).

As bactérias são classificadas basicamente em dois grandes grupos: Gram-positivas e Gram-negativa. No que diz respeito às características tintoriais, as bactérias Gram-positivas coram-se de roxo e as bactérias Gram-negativas coram-se de rosa 

Staphylococcus aureus. Bactéria Gram positiva. Fonte: http://www.microbeworld.org/component/jlibrary/?view=article&id=7611 

Escherichia coli. Bactéria Gram negativa. Fonte: http://yourweeklymicrobe.blogspot.com.br/2012/12/e-coli.html

A técnica de coloração de Gram geralmente respeita um protocolo de ações que a padroniza. O vídeo demonstra como esse protocolo deve ser seguido: